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                            RELATÓRIO DE ATIVIDADES PACE 2019

       
         O ano de 2019, foi um ano de muita aprendizagem, de ajuda mútua, de desafios e de diálogo. A instituição buscou caminhos para a sustentabilidade de seus projetos através de pequenas experiências de empreendedorismo, como uma alternativa a mais diante a escassez de financiamentos consequência da longa crise econômica vivida no país.

O ano foi marcado pelo voluntariado de diferentes pessoas, de idades, nacionalidades e de formas diversas, tendo um destaque especial para os jovens europeus. A matrícula pela primeira vez solicitou a doação de um material de limpeza, gerando material para o ano inteiro, iniciativa que teve o apoio em massa do público atendido. Na Festa Beneficente, que ocorreu em novembro, as famílias e os voluntários da PACE estiveram presentes consumindo, ajudando a organizar, na preparação da Feijoada de Andu, na limpeza, outra forma de apoiar a permanência das atividades da ONG.

Entre os meses de janeiro e fevereiro, recebemos uma jovem artista visual suíça, Victoria Boissonnas, que realizou oficinas de arte e de francês para crianças e adultos. Sua presença agradou a todos na instituição, devido ao carisma, a afetividade com crianças, as técnicas ensinadas mas também por desenvolver projetos artísticos de empoderamento feminino, criando o logo e batizando o nome da Pizzaria Mamma Mia. A pizzaria é um projeto idealizado por mulheres com intuito de gerar recurso complementar na renda das pessoas envolvidas além de uma nova fonte de financeiro para atividades da  PACE.

Em abril, através da parceria com o CESC Project Itália, recebemos três jovens italianos: Gabriele, Giuseppina (Giusy) e Gloria. Os voluntários, das mais diferentes formas, contribuíram para o funcionamento das atividades da PACE, auxiliando nas oficinas, doaram sementes para hortas, ajudaram nos projetos da instituição e realizaram suas próprias oficinas. Gabriele realizou oficinas de pizzaiolos com membros da PACE e oficinas de culinária internacional para o grande público. Gloria realizou oficina de italiano e Giusy apoiou os outros dois e demais oficinas, realizando também a oficina de fitness nas férias. Os três se integraram ao corpo docente da instituição, passaram a frequentar diferentes oficinas, criando relações afetivas com os educadores, educandos e demais participantes.

No início, muitos conflitos ligados a diferenças culturais e comportamentais ocorreram. Para dissolução destas questões tivemos a mediação de uma psicóloga voluntária, Nayra Brandão, e do coordenador do CESC Project em São Gonçalo, Andrea Ruggiero. Ambos psicólogos, com experiências diferentes na área, tentaram criar uma atividade para melhorar as relações e fazer os participantes do projeto da pizzaria praticar a empatia. Eles criaram uma ação chamada Cozinha Amiga, que durou algumas sexta- feiras de bate papo coletivo, pontuou forças e fraquezas do projeto gastronômico, ajudando a lidar melhor com frustrações e expectativas do grupo.

Nayra realizou trabalho voluntário de excelência, atendendo famílias e alunos da PACE, apoiando professores nos conflitos vividos no cotidiano da ONG, em eventos e também em situações vividas fora do espaço educativo, mas que envolviam alunos da casa. Sua atuação é de suma importância para a instituição e todos que convivem nela.

         As oficinas da PACE tiveram financiamento do edital nº 1/2018-GABJUCRIM através da aprovação do projeto “Arte-educação: Instrumento de Transformação”. Em 2019, foram oferecidas gratuitamente doze oficinas: Artes Visuais, Break Dance, Leitura e Escrita, Italiano, Percussão, Banda Marcial, Capoeira, Violão, Yoga, Culinária (turma de criança e adultos) e Costura. O valor do projeto foi revestido para as oficinas e eventos culturais, financiando utensílios de cozinha, tecidos para oficina de Costura, alimentos para merenda, Oficinas de Culinária, festas e bolsa auxílio para alguns membros.

              Em 2019, a oficina que mais se destacou foi a Banda Marcial. Ela conseguiu, depois de muitos anos, trazer de volta a PACE, em grande número, o público de adolescentes e jovens. Eles demonstraram ao longo do ano, dedicação, empenho e muita vontade de aprender os instrumentos, chegando ao final do ano com cinco músicas executadas, formando a BAMPACE e participando de eventos na cidade (Fábrica Menendez e Cantata de Natal) e na PACE (Festa Junina, Beneficente e de Encerramento). Apesar de algumas desistências de alunos e das dificuldades no aprendizado das músicas, houve avanços significativos. O professor Zuel teve o apoio de dois outros professores da PACE, Sandro e Thiago, e de amigos músicos que durante o ano realizaram aulas voluntariamente. Os meninos do sopro tiveram muita dificuldade no início, os pequenos foram saindo, entrando adolescentes e jovens, sendo possível preparar no final dois trombonistas, um bombardino e um trompetista. Ainda é preciso avançar muito para formar um grupo maior de músicos para que a banda fique completa, trabalho para 2020.

          A Oficina de Percussão, ministrada também por Zuel, manteve seu número de alunos como ano passado, mas com crianças de oito a onze anos. Com uma proposta voltada a musicalidade afro-baiana, as crianças passaram a conhecer músicas da Banda Reflexo, Ylê Ayê, Olodum, Timbalada, dos baianos Edson Gomes e Jauperi. Nas apresentações públicas o ex-aluno Ítalo acompanhou a Banda de Percussão Guerreiros da Paz fazendo o vocal e abrilhantando as apresentações.

         Na oficina de Artes Visuais, o professor Thiago desenvolveu um projeto que teve como objetivo discutir o lugar da mulher na arte e na política através da história de vida de duas mulheres: a brasileira Marielle Franco e a mexicana Frida Khalo. Duas mulheres marcadas por diferentes violências (feminicídio, machismo, racismos...), e pelo protagonismo na esfera social, política e cultural em seus países e pelo mundo, tornam-se símbolo de resistência feminista. O projeto foi desafiador por trazer relatos de histórias de vida com momentos trágicos para crianças e adolescentes. Apesar deles terem, em seu cotidiano, histórias que se assemelham a história destes ícones não era algo comum abordar tais assuntos em um espaço educativo. A arte foi uma excelente ferramenta para entender, expressar e pensar sobre estas situações, compreender a importância das mulheres e seu papel na sociedade. Entrevistas com mães da PACE foram realizadas, com Tia Val (a merendeira) e comigo, pudemos falar sobre nossas profissões, nosso protagonismo dentro da instituição e histórias de vida.  


A Oficina de Leitura e Escrita aconteceu no último quadrimestre do ano, com a professora Ariane, realizamos divulgação nas escolas com contação de história e abrimos inscrições em junho. A turma que se formou era numerosa, muito viva, participativa, assídua mas inquieta, apresentando resistência em cumprir os procedimentos e dificuldade em realizar atividades em grupo. Com os combinados e regras, que foram alguns sendo construídos com eles e a professora, outros voltados aos valores defendidos na PACE, a turma chegou ao final do ano com muitas conquistas, como o sentimento de coletividade e a harmonia entre os participantes da turma. A aproximação com o livro infantil foi sendo construída com diversas atividades propostas: com violão, brincadeiras antigas e atuais, jogos em equipe, brinquedos confeccionados, entrevistas que geraram produção de texto, audição de música. As melhorias no comportamento permitiu que aproveitassem mais a oficina e seus conhecimentos. A presença das mães colaborou para que os educandos desenvolvessem amor e respeito pela instituição, demostrado pela curiosidade que eles tinham a cada novo encontro da oficina.

           A turma de costura, este ano, realizou pequenas produções artesanais: sacos de pano, aplicação em pano de pratos, toalhas de mão, puxa saco, sacola, utilizando chita e tecidos de algodão. A professora Rita contribuiu com seu trabalho costurando cortinas, roupas, toalhas de mesa, aventais e diferentes produtos para as atividades cotidianas da PACE. Seus conhecimentos e das suas alunas colaboraram com pequenas ações significativas, detalhes que embelezam o espaço e deram identidade ao trabalho da PACE.

         As turmas da Oficina de Violão tiveram desempenho diferente em 2019. A turma de veteranos se mostrou menos interessada, não conseguiu desempenhar pequenas tarefas, não havendo dedicação à prática do violão, com exceção dos alunos João e Kleberson. Os dois adolescentes executam choros, sambas, músicas clássicas e atuais junto com o professor. A turma dos novatos se mostrou dedicada e conseguiu atender as exigências da oficina, executando as músicas propostas. Dois professores da PACE fizeram parte da turma: Rita e Thiago, que chegaram ao final do ano tocando violão. O professor Sandro percebeu essa discrepância entre as turmas e nas apresentações públicas reunia ambas para executar as canções. As músicas executadas foram: Ode da Alegria de Bethoven, La Cumparsita, Tema do filme Missão Impossível e Como uma onda no Mar (que focou inconclusa). Houve muitas faltas durante o ano e pouca desistência, diferente dos outros anos, mas em compensação o rendimento das turmas foi menor. Em outubro as turmas se apresentaram no Teatro do Centro de Cultura e Arte (CUCA), em novembro os alunos Kleberson e João se apresentaram com Sandro na Festa Beneficente e em dezembro as turmas se apresentaram na Festa de Encerramento.

          A Oficina de Capoeira vem, ao longo dos últimos anos, tendo uma drástica queda em seu alunado. A oficina iniciou com poucos alunos, mas conseguiu atingir um número razoável durante com dois primeiros meses de atividade. Apesar desta recuperação não conseguiu manter seus alunos, tendo uma nova queda no finalzinho. Percebemos algumas dificuldades enfrentadas pela oficina que contribuem com a evasão: falta de fardamento (item caro para os alunos que frequentam a aula), dificuldade de comunicação e pontualidade dos professores, falta de instrumentos e de visibilidade da oficina através de rodas de capoeira nas vias públicas. Diante os problemas recorrentes, o trabalho de capoeira desenvolvido pelo Grupo Essência de Libertação na PACE tenta se reafirmar realizando anualmente o batizado e trocas de cordas. É o momento de auge da oficina, em que grupos e mestres de outras cidades são convidados, reunindo alunado das turmas da PACE, da Associação Comunitária do Gravatá e do Cedro. O Mestre Ferreira realizou palestra e um convidado também ministrou oficina de instrumentos artesanais. Nestes eventos, a autoestima dos alunos é elevando e o grupo mostra seu valor no jogo, nas ladainhas, no samba de roda e nas mais diversas vertentes da arte da capoeira.
 
Uma nova oficina conquistou muitos admiradores e foi sugerida pela voluntária italiana Gloria. A Oficina de Italiano era dinâmica, divertida, interativa, com diferentes atividades e recurso de ensino/aprendizado. Glória se mostrou uma professora dedicada, afetuosa, comprometida e competente fazendo com que a oficina mantivesse um público fiel e diversificado, de adolescentes de quatorze anos a idosos de mais de sessenta anos. As aulas contemplavam vídeos, músicas, gastronomia, jogos e brincadeiras, um livro didático compartilhado a cada aula com atividades que exercitavam a escrita. As aulas incentivaram a curiosidade dos participantes sobra a língua e a cultura italiana, elas entraram em recesso e foram finalizadas em março, com a ida dos voluntários para Itália.

A Oficina de Break Dance, ministrada pelo professor Tefinho, teve mais um ano de turma cheia, com uma presença maior de crianças, principalmente meninas de oito a doze anos. Todos realizaram sequências de movimentos, construíram suas coreografias em trios, duplas ou solos. O Break se destacou pelo protagonismo nas festas da PACE trazendo sempre convidados como Bboys e Rappers locais e de outras cidades.

A Oficina de Yoga teve uma grande procura, com lista de espera durante todo o ano. Frequentaram no total vinte e cinco alunos, de diferentes idades, meio social e a maioria de mulheres, apenas um homem. Muitas revelaram que as aulas de yoga ajudaram a enfrentar e melhorar problemas de depressão, fibromialgia, de coluna, dores pelo corpo, de fobia, de circulação sanguínea, muitas diminuíram drasticamente o uso de remédios, se sentiram mais confiantes, serenas e positivas. As aulas, ministradas por mim, promovem o bem estar de quem as frequenta, pois além de ajudar no físico ajuda no equilíbrio emocional.

A Oficina de Culinária para Criança foi ministrada pela merendeira Tia Val. Oficina que teve uma grande participação da meninada, que se mostrou interessada, atenta e frequente. Receitas como bolos, biscoitos, tortas salgadas, saladas, panquecas doces e salgadas entre outras foram desenvolvidas pelas crianças. Na festa de encerramento elas apresentaram seus pratos para o público que pode conferir as guloseimas. E a Oficina de Culinária para Adulto foi ministrada por Gabriele passando pela gastronomia italiana, árabe, francesa, chinesa, entre outras.

Gabriele ensinou há alguns participantes da PACE a fazer uma massa de pizza e o molho de tomate tipicamente italiano. Anteriormente, tivemos uma formação com Silvana, uma professora de massas Movimento de Organização Comunitária (MOC), ONG parceira de Feira de Santana, ensinando a fazer a massa de pizza, a versão brasileira. Silvana além da aula trouxe um relato de experiência de empreendedorismo rural, num bate papo que foi muito proveitoso para a turma envolvida, incentivando a abrir seu próprio negócio.


Os conhecimentos adquiridos com as formações sobre pizza contribuíram com o projeto da Pizzaria Mamma Mia. O projeto esteve em construção durante o ano, enfrentando diferentes dificuldades. A falta de experiência na construção do forno de pizza, excedeu gastos e provocou conflitos, o choque cultural entre o voluntário italiano e membros da PACE também gerou desgastas nas relações que foram com o tempo sendo restabelecidas. O projeto passou por diferentes fases e ganhou novo fôlego com o apoio da madrinha Ana Bohn, que ajudou a construir uma nova área coberta para a pizzaria, que servirá também como refeitório para PACE.

O financiamento para esta obra foi feito com apoio de padrinhos suíços e brasileiros, representados por Ana Bohn. Os padrinhos financiaram também uma nova porta para cozinha, a reforma da área da pizzaria e a construção cobertura de um pequeno espaço para depósito de materiais de jardinagem, mesas, cadeiras entre outros objetos, permitindo organizar melhor os espaços educativos e outras áreas que estavam sobrecarregadas.

Além das oficinas culturais da PACE, há três anos um projeto com temáticas transversais acontece na PACE e escolas públicas. O Projeto Rodas de Conversas Temáticas se expandiu para as escolas públicas da cidade, entre os meses de março a novembro de 2019. O projeto desenvolvido pelas assistentes sociais Silvana e Renata tem como propósito trabalhar temas velados na educação, evitando que a violência continue acontecendo no ambiente escolar e na vida dos educandos. O projeto aconteceu nas escolas: Escolas Municipais Nini Dessa, Artur Magalhães e Coronel Tibúrcio Barreiros, todas de ensino fundamental anos iniciais. Os temas discutidos na PACE foram levantados pelas educandos e familiares, já na escola foram sugeridos pelo corpo pedagógico atentando para as necessidades do alunado. Foram trabalhados temas como: abuso sexual infanto-juvenil; os perigos da Internet; os diversos tipos de violência; respeito às diferenças, igualdade de gêneros, Estatuto da Criança e Adolescente (ECA), dentre outros.

As oficinas da PACE iniciaram dia 4 de março, sendo encerradas no dia 5 de dezembro, com a festa de encerramento das atividades. Nesta festa, alunos e professores das oficinas apresentaram seus resultados para familiares e comunidade, uma forma de prestar conta das suas ações durante o ano. Nela, os produtos da oficina de costura foram exposto, os trabalhos da oficina de artes visuais também ganharam uma mostra, pratos aprendidos na oficina de culinária foram servidos na festa e as demais oficinas de Break Dance, Violão, Italiano, Leitura e Escrita, Percussão e Banda Marcial fizeram suas apresentações artísticas para as famílias e convidados da comunidade.

A maioria das oficinas entrou em recesso em dezembro, mantendo atividades apenas das oficinas de Yoga, Banda Marcial e Italiano. Tivemos 162 inscrições em 2019, para as doze oficinas (de crianças de cinco anos a idosos de setenta). Ao contrário dos  anos anteriores, muitas oficinas mantiveram seu número de alunos até o final das aulas, como artes visuais, banda marcial, violão, culinária para criança, italiano e percussão, sendo uma conquista para a PACE.

Gratidão a todos que de alguma forma contribui para a existência deste projeto que ajuda na melhoria da vida das pessoas, que convivem neste espaço de afeto, alegria e cuidado.











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